Don Carlo chegou — e trouxe sotaque, pulso e propósito
Marlon Araújo
27/05/2025 às 4:02 - há XX semanas
Ancelotti -O Comando Mudou de Tom. AFP
"É um sonho treinar esta Seleção. É o sonho de todos os treinadores."
Foi assim, sem rodeios, que Carlo Ancelotti se apresentou como comandante da Seleção Brasileira. E o tom da fala já antecipou o estilo: direto, respeitoso e com liderança.
Mas mais do que palavras, Ancelotti mostrou postura. Sobre Neymar, tratou com o carinho que grandes atletas respeitam: ligou pessoalmente, explicou que o camisa 10 ainda não está 100% e reforçou que conta com ele para o projeto do Hexa. Ganhou o jogador. E mais: ganhou o grupo. Porque Seleção não é lugar de dúvida física — é de entrega total.
"Tentei selecionar jogadores que estão bem. O Neymar voltou há pouco de lesão. Ancelotti- "Todo mundo sabe que ele é um jogador muito importante. Contamos com ele". DAILYMAIL
Casemiro voltou. E com ele, um conceito: “sacrifício”, segundo Don Carlo. O treinador quer um time de talento, sim, mas que sangre junto se for preciso. O DNA do volante é exatamente isso: entrega. Espírito de Seleção.
Casemiro cresceu na reta final da temporada 2024/25 e terminou como um dos destaques da última edição da Europa League. O experiente jogador de 33 anos atuou pela Canarinho pela última vez em outubro de 2023.. — Foto: Apple e Reuters
Ao falar dos convocados que atuam no Brasil, foi honesto. Disse que ainda está conhecendo, confiou na equipe de análise da CBF — Juan e Rodrigo Caetano — mas cravou: "Agora é hora de viver o futebol brasileiro". Vai aos estádios, conversar com treinadores, sentir a temperatura da arquibancada. Respeito e escuta ativa.
Vini Jr - "Estou convencido que ele dará sua melhor versão'', afirmou Carletto.. — Foto: LaPrensa
Vini Jr? Só elogios. Chamou de craque, trabalhador e peça-chave para a Seleção. Quando perguntado se o time jogará como o Real Madrid, devolveu com ironia leve: "Qual Real? O da temporada ada ou o dessa?". Riso geral. Clima leve. Mas com conteúdo.
A cerimônia trouxe também um bastidor importante: Gustavo Feijó, alagoano influente nos corredores da CBF, estava na plateia e deve ser anunciado como o novo coordenador de seleções. Terá a missão de reconstruir a imagem institucional, evitar ruídos e blindar o vestiário. Papel político — mas com impacto direto em campo.
Gustavo Feijó com Marquinhos e Neymar na Rio 2016. Foto: Lucas Figueiredo / MoWA Press
Ancelotti chega com currículo, sim. Mas chega com algo ainda mais raro: autoridade sem arrogância, comando com sensibilidade e projeto com alma.
O sonho dele agora é nosso também.
A esperança está de volta. Com sotaque europeu — mas que nos lembre que o Hexa só virá quando a Seleção jogar com o coração do povo brasileiro.