"Divórcio cinza": a revolução silenciosa dos 60+ em busca de liberdade e felicidade
Número de divórcios nessa faixa etária apresentou uma expressiva alta de 80,5%
Cristiana Gomes Ferreira
11/06/2025 às 16:45 - há XX semanas
Cristiana Gomes Ferreira é advogada. Arquivo pessoal
O divórcio entre pessoas maiores de 60 anos (alcunhado como "divórcio cinza") vem ganhando relevância crescente na sociedade brasileira. Dados atualizados do IBGE refletem nitidamente essa transformação social: entre 2013 e 2023, o número de divórcios nessa faixa etária apresentou uma expressiva alta de 80,5%, saltando de 49.936 para 90.150 casos.
Mais do que números, essa realidade traduz uma importante evolução cultural e emocional: pessoas maduras estão se permitindo reavaliar relações afetivas com coragem e autonomia. A longevidade, aliada à maior independência econômica das mulheres e à redução significativa do preconceito social, viabiliza decisões antes vistas como difíceis ou até mesmo inimagináveis.
Além dos aspectos jurídicos — que hoje oferecem caminhos ágeis, econômicos e menos burocráticos para a dissolução do casamento —, o que se observa é uma saudável afirmação pessoal. O desejo por uma vida mais feliz e autêntica não deve ser a qualquer idade. Pelo contrário, pode e deve ser valorizado especialmente na maturidade, quando as pessoas já têm clareza suficiente sobre suas necessidades e expectativas.
Separar-se após décadas juntos pode representar um desafio emocional, mas é igualmente uma oportunidade genuína de renascimento pessoal e social. O "divórcio cinza" mostra que recomeçar, seja para buscar novos afetos, seja para desfrutar da própria companhia, não é um luxo, mas um direito essencial ao bem-estar humano.
Portanto, mais do que uma ruptura, a separação tardia é frequentemente o início de um novo capítulo enriquecido pela liberdade, autoconhecimento e pelo direito fundamental de buscar a felicidade em qualquer etapa da vida.